quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Lufada

Vivo pelas palavras
E morro por elas
Vão e vem, vão e vento
Surgem e desaparecem
Não posso tocá-las
Apenas sinto
Lenta e vagarosamente, preenchem minh'alma
Percorrem meu sangue
Atingem o coração

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Continuação

Subi as escadas do escritório com pressa, mais uma vez havia chegado atrasado. Senti uma lufada de vento. Todos os meus papéis e documentos em queda livre. Não vou me irritar. Um, dois, três, quatro... Aaah, droga!
Após recolocar tudo no seu devido lugar preparando-me para mais uma bronca do patrão.
E quando finalmente cheguei, surpreendi-me: Silêncio. Puro e simples silêncio.
- Ângela, o que houve? – perguntei á secretária, que continha as lágrimas.
- O patrão.
- O que houve com ele, Angel?
- Aquelas tempestades. Malditas tempestades! – repetia Ângela para si mesma.
- Faça o favor de me dizer o que houve!
- Você deve estar lembrado que o patrão voltaria hoje da Noruega. Não havia previsões de nenhuma porcaria de tempestades. Mas aconteceu, e o avião caiu.

Silêncio. Puro e simples silêncio.

domingo, 4 de janeiro de 2009

Bem, comecei essa história e talvez depois termine, se não me faltar tempo e criatividade. Caso termine, postarei aqui...

Acordei com os raios de sol infiltrando-se levemente pela fresta da janela. “Que porra de calor infernal!” Tentei levantar-me devagar, mas a náusea devida aquele cheiro insuportável de fumaça embriagava-me e não resisti, voltei a descansar minha cabeça no travesseiro, derrotado.
Passado alguns minutos que pareceram horas e em meio à penumbra do meu quarto, peguei o jornal do dia anterior em mãos e passei a vista pelas manchetes relatando inúmeras catástrofes que assolavam o ano de 2089. Nada fora do comum, por mais triste que fosse, acabei me acostumando em viver ás sombras de um mundo que reflete nada mais do que a conseqüência que o próprio homem causou em um passado não tão distante.
Ouvi a voz de minha mãe, ou o que restara dela após perder dois filhos por problemas respiratórios causados pela poluição do ar, me chamar.
- Julián, o café está na mesa.
Dirigi-me em silêncio a cozinha e mastiguei o pão amanhecido com displicência enquanto observava as marcas da idade e do sofrimento em minha progenitora.
- Eu amo você, mãe – disse em súbito.
A velha olhou-me atônita e tascou-me um beijo na bochecha.
- Está atrasado para o trabalho, mocinho.
Por mais antigo que fosse, mamãe sempre me trataria como uma criança, assim como todas as mães do mundo. Um costume que o tempo não apaga.
Peguei meu guarda-chuva, já que nunca sabia o que as mudanças climáticas iriam aprontar, e parti para mais um dia de trabalho
medíocre.

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Letal

Uma espécie de buraco, afundo-me lentamente. Cinza e sem volta, se é que quero voltar.
Percebo então sensações que milagrosamente só sinto ao deparar-me com o meu objeto de desejo e repulsa: você. Dando início a sessão auto-desprezo, odiar-me por não conseguir te odiar nem por frações de segundos.
Uma busca cheia de armadilhas, você me deixa sem armas de defesas, se é que quero defender-me.

sábado, 29 de novembro de 2008

É

Sua falta se manifestará em mim todos os segundos da minha existência, só enquanto meu coração pulsar sangue. Seja nos sorrisos que eu der, tão menos sinceros dos que eu dava ao seu lado. Seja nas lágrimas, tão mais amargas que aquelas onde você me ajudou a secar.Cada "te amo" que sair da minha boca, não terá significado se não for dito á você.

terça-feira, 11 de novembro de 2008

Antítese

Tenho tempo suficiente. Mas ás vezes deixo-me levar pelas turbulências e distrações de um dia comum. Segundos vem, segundo vão perdendo-me len-ta-men-te. Tic Tac. Tac Tic.
Me vejo parada á ouvir conselhos de um velho sábio moço (perdendo parte do meu corrido tempo livre). Conversa vai, conversa vem. Percebo quão insignificante sou diante de tanta experiência. Mas observo um garoto passar com uma goma de mascar na boca. Plockt. Aprecio a beleza da imaturidade. Há de ser pura insanidade.
Julgo-me a insensibilidade em pessoa. Mas sinto derreter meu mole coração de pedra ao lembrar-me daquela canção silenciosa.
Não acredito em fantasias. Afinal, já estou grande demais para isso. Mas a espera da chegada do bom velhinho não me deixa dormir na véspera de natal.
Sempre fui á favor do anti-romantismo. Mas quantas vezes desejei ouvir juras secretas, receber rosas roubadas... Cá estou eu falando de amor.
E então, deixa estar.

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Vertigem

Sempre acontece. Quando eu o vejo. Entorpecedor e abstrato.
Começa da ponta do dedão, e sobe, lentamente, até o último fio de cabelo. Depois ela chega, a felicidade. Por saber que agora o terei aqui.
Apesar do passar do tempo, das páginas reviradas, e da falsa maturidade de minh’alma, entrego-me á ele. Escolhi um caminho onde só existe ida. Mas não faço questão de voltar.