terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Letal

Uma espécie de buraco, afundo-me lentamente. Cinza e sem volta, se é que quero voltar.
Percebo então sensações que milagrosamente só sinto ao deparar-me com o meu objeto de desejo e repulsa: você. Dando início a sessão auto-desprezo, odiar-me por não conseguir te odiar nem por frações de segundos.
Uma busca cheia de armadilhas, você me deixa sem armas de defesas, se é que quero defender-me.

sábado, 29 de novembro de 2008

É

Sua falta se manifestará em mim todos os segundos da minha existência, só enquanto meu coração pulsar sangue. Seja nos sorrisos que eu der, tão menos sinceros dos que eu dava ao seu lado. Seja nas lágrimas, tão mais amargas que aquelas onde você me ajudou a secar.Cada "te amo" que sair da minha boca, não terá significado se não for dito á você.

terça-feira, 11 de novembro de 2008

Antítese

Tenho tempo suficiente. Mas ás vezes deixo-me levar pelas turbulências e distrações de um dia comum. Segundos vem, segundo vão perdendo-me len-ta-men-te. Tic Tac. Tac Tic.
Me vejo parada á ouvir conselhos de um velho sábio moço (perdendo parte do meu corrido tempo livre). Conversa vai, conversa vem. Percebo quão insignificante sou diante de tanta experiência. Mas observo um garoto passar com uma goma de mascar na boca. Plockt. Aprecio a beleza da imaturidade. Há de ser pura insanidade.
Julgo-me a insensibilidade em pessoa. Mas sinto derreter meu mole coração de pedra ao lembrar-me daquela canção silenciosa.
Não acredito em fantasias. Afinal, já estou grande demais para isso. Mas a espera da chegada do bom velhinho não me deixa dormir na véspera de natal.
Sempre fui á favor do anti-romantismo. Mas quantas vezes desejei ouvir juras secretas, receber rosas roubadas... Cá estou eu falando de amor.
E então, deixa estar.

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Vertigem

Sempre acontece. Quando eu o vejo. Entorpecedor e abstrato.
Começa da ponta do dedão, e sobe, lentamente, até o último fio de cabelo. Depois ela chega, a felicidade. Por saber que agora o terei aqui.
Apesar do passar do tempo, das páginas reviradas, e da falsa maturidade de minh’alma, entrego-me á ele. Escolhi um caminho onde só existe ida. Mas não faço questão de voltar.

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Fim de linha

Nem este, nem aquele. Isto ou aquilo.
Amanhã, hoje nem ontem. Metade ou inteiro.
Nada faz diferença diante de tudo isso. Não existem conceitos para o que ainda insistimos em chamar de vida. Almas corruídas por nosso egoísmo e sem qualquer pretexto pra continuar vivendo. Sobrevivendo.

Há tempos que não voltam.

Egocentrismo, rótulos e distância de qualquer outro afim que possa nos afastar de tal realidade.

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Pretérito, quase perfeito

A porta entraberta, o vinho derramado sobre a mesa. E lágrimas, encaixadas em pequenos vazios de um sentimento muito maior.Um pedaço de papel rasgado. Não passava de um mero papel com palavras fúteis. Apenas verbos, sujeitos. Adjetivos inesperados e de importância medíocre. De que importaria agora? Uma jura de amor, a última de muitas."Por todo o sempre, meu amor."A solidão tomava o lugar de uma emoção indescritível vivida ali. A porta, a mesa, o quarto e o céu. Lugares não são nada sem pessoas. Nada.Não existia mais verdade, nem confiança. Tudo se transformara em pó e nostalgia.Em questão de segundos, tudo que fora construído e alimentado por anos, desmoronou-se em um colapso de tristeza e desespero. Não existiam culpados, nem vítimas, apenas almas alimentadas por um desejo descomunal de liberdade. Não existia mais metade, nem inteiro. Não existia frase, verbo ou forma. Não existia a poesia.Restaram lembranças, uma foto rasgada, cacos de vidro sobre o chão, últimas gotas do vinho, e aquele mesmo papel, com as mesmas palavras, que nunca serão apagadas ou esquecidas. Serão eternas em um universo onde a poesia ainda tem sabor de felicidade.